19/06/2020 – Já estão vigindo os aumentos cobrados pelas refinarias da Petrobras, de 8,04% para o diesel e de 4,92% para a gasolina. Foi  o terceiro aumento seguido desde maio para o diesel e o sexto reajuste para a gasolina. No mês passado, o combustível usado por veículos leves, a gasolina,  acumulou um aumento de 37,93% e em junho, até aqui, a subida foi de 14,73%. No acumulado do ano, no entanto, a Petrobras contabiliza uma redução de 14,19% no preço médio praticado pela REFAP, em Canoas.

Se continuar a seguir as balizas da política de preços da petroleira – câmbio e flutuação do preço do petróleo no mercado internacional – há espaço para novos reajustes dos combustíveis, sobretudo da gasolina. De um lado, porque desde o último 18/05, o preço médio da gasolina entre os dez maiores produtores mundiais de petróleo vem registrando sucessivos aumentos. E nessa contabilidade, o preço da gasolina A (aquela que sai das refinarias) no Brasil, foi um dos que mais se defasou no mercado internacional em tempos de pandemia do Covid-19. Por ai, a vida dos importadores brasileiros foi neutralizada em boa medida. De março para abril, o volume importado caiu 19,2%, segundo a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

Outro fator que deve impulsionar novos aumentos é a flutuação do câmbio no Brasil, impactado pela instabilidade politica e institucional do país. Desde semanas atrás, o dólar passou a frequentar a casa dos R$ 5,00, sendo o Real uma das moedas que ultimamente mais se desvalorizou no mundo.

Um terceiro fator que deve estimular a Petrobras a praticar novos aumentos é a gradativa retomada do consumo, na medida em que os governos estaduais seguem flexibilizando o “distanciamento social”, provocado pela crise sanitária do Covid-19.

O preço final ao consumidor não mais resistirá a esse cenário e tende a reverter a curva de queda nos preços, sobretudo da gasolina. Embora, em maio, a Petrobras tenha determinado quatro aumentos nos preços da gasolina produzida por suas refinarias, os preços oferecidos pelos Postos fizeram um caminho inverso, o da queda, contabilizando, entre abril e maio, uma redução média de 6,1% no Brasil e maior ainda no RS, de 8%, conforme levantamento semanal divulgado pela ANP.

Esse descasamento, premido pela queda no consumo, implicou, conforme nossas estimativas, numa redução média do faturamento dos Postos, da ordem de quase 25% no Rio Grande do Sul.

Se este cenário de continuidade de aumento dos preços da Petrobras vai se confirmar dependerá da coerência de sua política de preços e de sua transparência.

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Edson Silva, economista-chefe da ES Petro, pós-graduado em Economia do Petróleo

e ex-Superintendente de Abastecimento da ANP.           

Petrobras anuncia novos aumentos para Gasolina e Diesel

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