José Viana, gerente Comercial da Mangels, afirmou em entrevista que a proposta de enchimento fracionado pode acarretar, além de custos maiores, risco para o consumidor. Na sua avaliação, toda a cadeia de GLP precisaria sofrer mudanças estruturais para realizar os procedimentos, inclusive os botijões, que precisariam sofrer alterações em suas características.

 

– Quais as características do processo de enchimento dos botijões hoje?

Entendemos que um botijão/cilindro só pode ser enchido na base engarrafadora. Para poder garantir que o enchimento não ultrapasse o limite máximo do projeto para cada tipo, pois cada produto tem um cálculo específico de segurança que deve ser seguido no momento do enchimento.

– Existe uma arquitetura específica dos botijões para eles serem enchidos nas bases pelas empresas?

Sim. Os botijões, por questões de segurança, são projetados para um enchimento específico, por exemplo, um P13 é projetado para uma carga máxima de 13kg de GLP, jamais acima disso. O mesmo contempla uma câmara de segurança que chamamos de câmara de gaseificação em que cerca 20% é destinada para expansão do GLP, pois o gás liquefeito de petróleo não pode ser consumido na fase liquida, sua expansão pode se tornar gás, em uma mangueira de consumo por exemplo, é explosiva. Antigamente isso acontecia nos antigos P2, em que ocorriam muitos incidentes, pois se enchia o P2 irregularmente através do P13, ocasionando sobre-enchimento.

– Quais as especificações das bases para poderem estar habilitadas a envasar os botijões com GLP?

Uma base de envase tem que ter além de todos os requisitos de segurança exigidos pelo órgão regulador, um sistema de enchimento automático ou mecânica que garanta a quantidade máxima de gás a ser envasado. Hoje, a maioria das empresas já possui um sistema integrado entre a marcação de tara do vasilhame (vazio) e o equipamento de enchimento com uma balança integrada para garantir que o botijão não tenha enchimento em excesso e que possa colocar em risco a segurança do consumidor.

Outro ponto importante é o local onde a operação de enchimento ocorre atualmente, em áreas longe de centros urbanos e que seguem rigorosas normas de segurança que definem distâncias que devem ser respeitadas. A operação ocorrendo em áreas diferentes, próximas ao consumidor, certamente oferecerá riscos reais à segurança do consumidor, ao operador e a vizinhança/sociedade.

– Os botijões estão preparados para, caso aprovada a proposta da ANP, serem enchidos de modo fracionado? 

Não. Entendemos que este tipo de enchimento fracionado coloca em risco o consumidor, pois o agente ou a empresa que for executar este tipo de serviço, terá que ter um controle ainda maior do existente hoje em dia nas bases, para poder garantir que o enchimento não exceda a sua capacidade máxima por botijão/cilindro, pois os mesmos não contemplam nenhum dispositivo que garanta o processo.

– Os botijões precisariam sofrer modificações para que suportar esse tipo de manobra?

Sim, os botijões precisarão sofrer modificações para poder suportar este tipo de manobra. Além disso, será preciso alterar a infraestrutura nas bases, pois o sistema utilizado atualmente para o enchimento não contempla esta modificação tecnológica, um outro ponto seria que o consumidor terá que trocar todos os reguladores de gás existentes em suas residências, porque os mesmos não servirão para esta nova válvula.

Original publicado em GLP Energia Excepcional

Enchimento fracionado traz risco para o consumidor

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