O consumo de combustíveis continua sem reagir, registrando sucessivas quedas. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP -, as vendas de gasolina no Brasil acumularam um tombo de 9,6%, em janeiro último, na comparação com dezembro do ano passado. Tradicionalmente, por fatores próprios do período, as vendas de janeiro são inferiores às de dezembro. Mas desta feita, a comercialização também caiu entre períodos iguais de anos diferentes:  7,9% entre janeiro de 2019 e 2018.

O consumo de diesel – importante vetor do comportamento do PIB – também recuou, 0,4% entre janeiro deste ano e dezembro passado.

No mesmo ritmo, o consumo de etanol hidratado também caiu, 9,9% entre janeiro e dezembro, invertendo os números positivos que fizeram as vendas do biocombustível crescer 42,1% em 2018, na comparação com 2017.

Números mais amargos no RS

De um modo geral, os números do Rio Grande do Sul são ainda piores. O consumo de gasolina, por exemplo, teve uma queda de 11,4% entre janeiro deste ano e dezembro de 2018, passando de 334 milhões de litros para 296 milhões de litros. E de 0,2% frente ao mesmo mês do ano passado.

“Estimamos – sublinha Edson Silva, economista-chefe da ES Petro – que o faturamento teve um desempenho ainda pior que o do volume físico. Calculamos que os postos tiveram uma queda de receita de pouco mais de 14% nas vendas de gasolina entre janeiro e dezembro. Convém anotar que, segundo a ANP, os preços no período sofreram uma queda média de 3,3%.

O mesmo desempenho negativo foi contabilizado para o diesel, cujo consumo no Estado caiu 8% entre janeiro e dezembro (no país a queda foi de 0,4%) e de 2,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado (no plano nacional, o consumo cresceu 6,1%).

Já o consumo de etanol hidratado, tradicionalmente fraco nos pampas, teve uma queda de 7,8% de janeiro último para dezembro do ano passado, depois de registrar um crescimento de consumo de 16,5% em todo 2018.

Onde está o problema? Os preços, a começar pelas refinarias, continuam altos no Brasil de um modo geral. Mas mesmo quando eles caem, como aconteceu em janeiro último, o consumo cai. O que nos leva a crer que, essencialmente, o problema está na perda de poder aquisitivo do consumidor, agravado pelos altos índices de desemprego. Levantamento recente do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, divulgado pelo Estadão/Broadcast, atesta o aumento da desigualdade no Brasil. No ano passado, a desigualdade de renda atingiu o seu maior patamar desde 2012.

Em outras palavras: a concentração de renda e o desemprego pioraram no Brasil.

Renda em queda, consumo de combustíveis em queda

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