14/09/2022, atualizado às 18h53 – A relação preço médio do GNV/Gasolina não para de crescer, tendo passado, no Brasil, de 67,1%, em janeiro último, para 99%, na semana passada, entre os dias 04 e 10. No Rio Grande do Sul, essa relação evoluiu de 81,9% para 121,4% respectivamente. Neste caso, o preço  médio do GNV custou ao consumidor do Estado pouco mais de 121% do preço da gasolina, quando, em janeiro do ano em curso, custou apenas 82% do preço da gasolina.

Com a disparada dos preços da gasolina, muitos proprietários de veículos, sobretudo taxistas e motoristas de aplicativo optaram, alternativamente, pela conversão automotiva para GNV, na esperança de gastar menos com esse combustível. Segundo o Ministério da Infraestrutura, esse tipo de conversão teve um aumento de 88,5% entre janeiro e setembro de 2021 – último dado disponível -, na comparação com o mesmo período de 2020: de 86.518, as conversões subiram para 163.108 veículos. Nesses nove meses, o preço médio da gasolina, no Brasil subiu 31,8% e 33,6% no Rio Grande do Sul.

É de supor que esse ritmo de conversão para GNV teve continuidade, dado que em apenas seis meses deste ano, os preços médios da gasolina subiram 9,2% no país, batendo nos R$ 7,247, de acordo com pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP.   

Esse descolamento entre preços médios da gasolina e do GNV é mais uma consequência da desorganização imposta ao mercado de combustíveis automotivos com a intervenção do governo na formação dos preços desse segmento da economia. Como se sabe, com a chamada “Lei do Teto”, o ICMS foi tabelado, entre 17% e 18%, o preço-base para o cálculo do imposto também foi alterado e contribuições federais, como PIS/Pasep e Cofins foram zeradas até o final deste ano.

Queda nos preços sempre é bem recebida pelo consumidor, mas nada pior em perspectiva, numa economia que se pretende de mercado, do que o desnorteamento por perda de previsibilidade e instabilidade das regras do jogo. No médio prazo, o ambiente é de consumidores frustrados e agentes econômicos reféns da insegurança da conjuntura econômica.

Com a palavra quem se apressou em converter seus veículos para GNV, tentando fugir dos elevados preços da gasolina. Pouco tempo depois, de uma hora pra outra, por propósitos eleitorais, os preços da gasolina começaram a baixar e os do GNV não param de subir, sendo um e outro derivados do petróleo.      

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Edson Silva, ex-Superintendente da ANP e economista chefe da ES PETRO, consultoria empresarial

Vale tudo, até pagar mais pelo GNV, por Edson Silva

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