03/12/2023 – De acordo com o noticiário da 28ª Conferência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas – a COP 28 -, em curso no Dubai, o Brasil confirmou que aceita integrar a Opep+.
Embora possa sugerir contraditório o Brasil tentar liderar a transição energética e, por outro lado, integrar uma associação de produtores de petróleo, considero positiva essa participação.
Ao contrário, essa participação não implica em aumentar ou reduzir o preço da gasolina ou do diesel para o consumidor brasileiro. A Rússia, por exemplo, integra a Opep+ e seu preço da gasolina, US$ 0,619, foi, na semana passada, menor que o do Brasil, US$ 1,153. A gasolina no Cazaquistão, outro membro, custou US$ 0,472. Por outro lado, a gasolina vendida no Canadá custou US$ 1,255 e US$ 1,201 na China – dois dos maiores produtores mundiais de petróleo e não integrantes da Opep plus.
Tenhamos em conta que é sem retorno o movimento pela substituição dos combustíveis fósseis. O Brasil que participará dessa instituição é o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis (etanol e biodiesel).
Relembro que mês passado, durante encontro do G-20, em Nova Dehli, um total de 19 países, entre os quais o Brasil, Estados Unidos e Índia (os três principais produtores mundiais de biocombustíveis) mais 12 organizações internacionais lançaram a Aliança Global para Biocombustíveis. Seu objetivo: fomentar a produção sustentável e o uso de biocombustíveis no mundo.
Membros da OPEP +, os maiores produtores mundiais de petróleo, e integrantes de poderosos fundos de investimento, não assistem de braços cruzados a gradual e permanente substituição dos combustíveis fosseis. Certamente, terão interesse em financiar a transição energética. E nela o Brasil já tem uma vantagem significativa.
Logo, participar da Opep + é prestígio para o Brasil, é acesso a informações do universo do petróleo e é ter voz inequívoca na produção de biocombustíveis.
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Edson Silva é economista, com pós graduação em Economia do Petróleo.