17/06/2022 – Não chega a surpreender o novo aumento, de 5,18%, anunciado pela Petrobras para a gasolina, , e de 14,26% para o diesel. Nossa  desconfiança e do mercado de um modo geral era se a diretoria da Petrobras, diante das pressões do Presidente da República e do parlamento, continuaria a seguir a PPI (Política de Paridade Internacional), pela qual baliza os preços dos combustíveis produzidos por suas refinarias ou represaria o impacto do aumento do preço do petróleo no mercado internacional e da desvalorização do Real frente ao Dólar.

O último reajuste no preço da gasolina nas refinarias foi a 99 dias, em 11/03, e a 84 dias para o diesel, em 10/05. O GLP, Gás de cozinha, não tem aumento a 152 dias.

Quando do aumento praticado para o diesel (10/05), o barril do Brent estava cotado a US$ 102,61 e desde então não parou de subir, chegando, ontem, a US$119,81, mas foi negociado a US$ 121,67, em 30 de maio.

E agora, como o tabelamento da alíquota do ICMS entre 17% e 18%, aprovada pelo Parlamento, com aval do governo, chegará na ponta, ao consumidor? Não vai chegar, dissemos isso dias atrás, em dois artigos. Veja aqui:  http://www.espetro.com.br/site/2022/05/26/camara-define-menor-aliquota-do-icms-por-edson-silva/                                             e http://www.espetro.com.br/site/2022/06/07/vale-vale-tudo-por-edson-silva/

Dissemos e reiteramos, o responsável pela disparada dos preços pagos pelos consumidores não é o ICMS e já o demonstramos. Aliás, a prática já confirmou. Passaram-se seis anos que a diretoria da Petrobras adotou, em 2016, a PPI, e nada foi feito para sequer proceder ajustes diante do aumento nos preços do petróleo e da desvalorização da moeda brasileira. Ao contrário, tudo mais foi feito: muito “blá-blá-bla”, troca de Presidentes da Petrobras (já são quatro desde 2018), congelamento do ICMS praticado pelos governos estaduais, tentativas de desmoralizar a petroleira brasileira, crítica estonteante ao seu lucro, isenção temporária de tributos federais sobre o diesel, ameaça de privatização da empresa, tabelamento do ICMS, aprovado recentemente no parlamento e por último envio ao Senado de uma PEC, propondo zerar o tributo estadual. ENTEDIANTE! Só perfumaria.

E os preços continuam subindo. Em 2020, com a pandemia da COVID-19 se alastrando mundo afora, levando os governos a adotar medidas rigorosas de contenção social, o preço médio do barril do brent chegou a US$ 44 e tanto a gasolina como o diesel, no Brasil, contabilizaram queda dos preços médios ao consumidor, o primeiro de 2,1% e o segundo de 4,8%. Ano passado, com o gradativo controle da pandemia e a retomada da atividade econômica, os preços do petróleo reagiram e a Petrobras praticou um aumento de 54,1% nos preços da gasolina (na ponta, o aumento médio ficou em 44,3%) e de 52,8% no diesel (nos postos, o aumento ficou em 44,7%). Nada de produtivo foi feito, a não ser “saudações à galera”.

Veio 2022, e com ele a guerra da Rússia (um dos maiores exportadores mundiais de petróleo) contra a Ucrânia e os preços do cru passaram a aumentar com maior velocidade e prometem bater nos US$ 150, por circunstâncias várias de mercado. Nada de produtivo continuou a não ser feito.

Gritaria e ameaças podem funcionar para os incautos. Para a economia sobrarão mais incertezas, mais descrédito, mais instabilidade, menos investimentos, mais inflação, mais perda de renda para as famílias, mais juros altos, maior desvalorização do Real. Menos desenvolvimento.

Esse o tamanho da fatura!

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Edson Silva foi Superintendente de Abastecimento da ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis . É o economista chefe da ES Petro.

 

Aumento no preço dos combustíveis “fura teto” do ICMS, por Edson Silva

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